14 abril, 2006

Um pouco de BláBláBlá condescendente

Abri esse negócio hoje com a intenção de escrever algumas linhas contra a hipocrisia social na qual estou envolvido, mas acho que estou lamurioso demais, me queixando muito. E esse ambiente que me rouba seis horas diárias, seis dias por semana (90 dias inteiros por ano (sem contar o tempo de locomoção), fiz a conta uma vez), não é hipócrita por escolha própria, é uma espécie de obrigação.

Também não é culpa das pessoas serem repetitivas e viverem numa constante conversa de amenidades. Isso é o que elas tem. Sobre o que mais falariam se todos os dias começam e acabam da mesma maneira?

-- Eu só quero encontrar um velho bem rico pra me casar – diz uma gorda tão feia que poucos velhos se interessariam.
-- Não sou gorda, sou gostosa.
-- Não chamo a minha mulher de meu bem por que senão me tomam.
-- Que dia bonito hoje e nós aqui trabalhando! – Mas ao menos temos emprego, alguém responde.

Essas coisas são ditas tantas vezes por que refletem uma monotonia interna tão grande que chega a preocupar. São ditas como catarse. Quem ouve entende bem isso, pois sempre responde com um sorriso amarelo e outra frase pronta, se houver alguma na ponta da língua (e quase sempre há).

O que a hipocrisia e as amenidades tem em comum? São formas de repressão. Um jeito (bastante tosco) de maquiar o que realmente se pensa, que é inconfessável (sempre). Uma simples forma de não expor os pontos fracos em público e evitar que o pior aconteça.

Ser hipócrita esconde a inconsistência de nossas opiniões e o cinismo nos impede de ter que bater em todas as pessoas com as quais convivemos diariamente. As amenidades impedem que desabemos em pranto violento com o primeiro conhecido que encontramos. Imagine se, em vez de um “vai se levando”, respondêssemos: “OOOH!! Maldita Vida!!! Eu sou um desgraçado!! Não tenho onde cair morto!! To virando alcoólatra e to cheio de hemorróidas! E aaah minha prisão de ventre!!”. Além dessa brilhante utilidade, muitos desses bordões, sistematicamente reproduzidos em qualquer ocasião, servem como um escudo, empunhado antes mesmo de se ver a lâmina da espada, justificando desde gordura até casamentos falidos e impotência sexual. É, as conversas climáticas não são tão ruins assim.

Se você ver alguém sendo hipócrita ou repetindo a mesma ladainha de sempre, não pense que ele é um simples idiota, só está fazendo o jogo comum, se protegendo e protegendo o pacto de não-agressão que existe nos extratos intermediários da sociedade (Isto porque lá embaixo não há o que proteger, e lá em cima, isso não é preciso com tanta freqüência). Fazendo isso ele se afasta ainda mais de você, age da melhor maneira possível, nas condições que tem, para não ter que conviver com você mais do que o necessário.

1 Comments:

Blogger Luciana Grings said...

Tá faltando álcool neste sangue.
Vamos?

18:50  

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