19 dezembro, 2005

Em algum lugar...

... eu esqueci uma camisa preta. Pouco importa a camisa, o importante são as coisas feitas de vento. Devemos armazená-las em potes tupperware, pois seguramente serão úteis no futuro.

Depois colocamos todos os tupperware organizados em estantes de aço dupla-face, fechadas em cima, medindo 2m de altura por 6 de largura. Os potes serão identificados por etiquetas descrevendo seu conteúdo. Essa descrição será elaborada com base em um conjunto de regras especiais à ser criado para descrever ventos.

Eles somente poderão ser abertos quando se fizer necessário. Dessa forma todas as coisas feitas de vento terão seu lugar no tempo humano. Será uma forma de subjugar a natureza, de mostrar mais uma vez nossa face de vírus.

Na verdade só temos essa face. Temos pequenas outras, à nível de indivíduo, mas todas compõem essa. Não estou tentando ser ecologista, longe disso. Aliás acho que seria anti-ecológico negar essa propensão. Temos que nos assumir como pragas que somos, só assim seremos felizes.

Dessa forma, podemos destruir e consumir o mundo livremente, sabendo que nosso "propósito" está sendo cumprido. Daí quando esgotarmos esse aqui, partimos pra outro, atacando as células do universo, até que alguém lhe dê um antibiótico ou coisa parecida.

Nosso comportamento realmente lembra o comportamento viral. Só vamos abandonar essa célula quando tivermos condições de habitar outra, daí ela já estará seca e murcha, como manda a natureza.