30 abril, 2006

Meu Vício

Não sei sobre o que escrever, mas eu quero escrever, preciso, tenho que escrever, criei esse vínculo. Não escrevo bem, não uso direito as normas ortográficas nem os princípios de redação. Mas isso não importa. Não digo nada de novo, imito meus mestres, imito mal. Mas não interessa. Quem lê isso aqui, lê por vontade própria. Se gosta ou não, não faz a mínima diferença. Só serve pra mim me livrar do que me atormenta, me salvar, me redimir. Para isso serve bem. Serve melhor do que qualquer coisa. Quando consigo ver meus pesadelos e sonhos representados por sinais gráficos, mesmo que parcialmente, sinto que venci de alguma forma. Por isso continuo essa merda, pra me manter longe da loucura. Pouco importa a minha tosquice linguística.

A palavra é um simulacro de expressão, é uma tradução da linguagem do pensamento: dinâmica, ágil, etérea, para a linguagem verbal: limitada, tosca, concreta demais. E por isso, escrever é uma limitação. Isso não é novidade, alguém já deve ter pensado algo melhor e escrito antes de mim. Mas hoje a constatação dessa paralisia natural da língua me parece muito mais importante, ela está de alguma forma relacionada com a falta de criatividade.

Acho que os seres humanos teriam desenvolvido muito mais a comunicação se não tivessem criado signos para representar seus anseios. A palavra tenta domar o indomável, domesticar o pensamento, que tem uma estrutura caótica. Mas enquanto não temos capacidade para mais, uso isso para sobreviver à mim mesmo.