30 maio, 2006

Mudei!!!

Agora saí de vez do Blogger!!
Mudei pro Wordpress, onde vou poder organizar meus posts segundo as categorias de Ranganathan!! e com números da CDD ou da CDU, ou quem sabe das duas!!

Se você le isso aqui com freqüência (pouco provável), então:

Clique aqui!

Isto é, se quiser, né!

22 maio, 2006

Parei de comer xis de bacon quando descobri que eles estavam tramando uma revolução. Um deles inclusive havia se tornado um grande empresário da indústria dos laticínios, o problema era que ele consumia tudo o que produzia. Outro xis de bacon planejava sequestrar um T7 em pleno vôo, mas seus planos haviam sido frustrados por uma forte depressão que lhe abateu. As coisas nunca estiveram piores. O fim está próximo. Os xis de bacon estão chegando.

E distante dali alguns centavos, uma menina retira uma bolacha maria do pacote, tasca-lhe o]um toletão de margarina, põe outra por cima e aperta. E dos fiozinhos de margarina que transpiraram da bolacha, moldou-se a realidade ao seu redor.

16 maio, 2006

Silêncio

O filme acaba. Enquanto os créditos sobem, eu percebo, sem graduações, que se eu não ligar a luz ela continua apagada. Se eu não desligar a tv ela fica ligada. Se eu não arrumar minha cama ela fica desarrumada. Pior! Se eu não desarrumar ela continuará arrumada.

Se eu perguntar ninguém vai responder. Por isso as perguntas não serão feitas.

Não haverá surpresas nem alarmes. Todo som será externo. Toda dor será interna. Todo torpor será eterno.

11 maio, 2006

Evolução

09/05/06
14:25 : Paciente com 66a, interna com quadro de disfunção respiratória severa, tosse importante e diarréia. Ministrado chá de romã e de poejo no posto de saúde. Inicia com gemada e suco de limão V.O. 2x/dia.

16:00 : Melhora no quadro de DRS. Constatada anemia grave. Fazendo uso de suco de beterraba 500ml 8/8h. Apresenta soluços regulares a intervalos de 5-7'. Pouca resposta à sustos, resistente à trancar a respiração por 30'. Solicito avaliação pneumo para orientar conduta.

18:00 : PNEUMO : administrar algodão lambido na testa, 1 chumaço, acompanhado da frase "Deus te crie" 3x/dia. Reportar evolução.

22:00 : Boa resposta ao tratamento sugerido, não apresenta mais soluços. Hmg refere anemia. aumentar dose de suco de beterraba para 750ml 6/6h. Incluir feijão. Suspeita de olho gordo, consultoria de especialista requerida.

10/05/06
8:00 : OFTALMO : Confimado olho gordo, conduta recomendada: Isolamento / travesseiro com arruda / dieta livre, servida pela direita / visita de um padre 8/8h. se saturação >93%.

11/05/06
10:00 : Paciente constipado, prescrito suco de laranja com mamão, suspenso queijo na dieta e chã de romã. Olho gordo persiste.

20:00 : Paciente desanimado. Tentativa de reanimação executada pelo plantão. Resistente à piadas de português. Reanimação obtida através de cocegas. Tempo de parada: 1min. Transferido para UTI.

22:00 : Na UTI. Novo quadro de desânimo. Tentativa de reanimação por cocegas. Sem resposta. Iniciado método de Swanson. Cócegas e piadas de papagaio. Cessa a reanimação após 15 minutos de tentativas. Constatado óbito às 22:20.

Não foi nada...

A rua estava apinhada de gente. Eu estava procurando uma loja. Ia comprar uma calça, mas sabia que acabaria comprando um livro ou gibi. Talvez um gibi erótico, minha nova mania na época.

Eu ia ultrapassando a multidão quando esbarrei nela. eu estava olhando para um lado e ela para o outro. Com o choque nos olhamos. Subitamente percebemos a presença um do outro alí, naquela rua famosa. naquela cidade, naquele estado, naquele país, naquele universo.

A palavra "desculpa" foi pronunciada simultaneamente. O "não foi nada" só eu disse. E então caímos novamente na inconsciência.

30 abril, 2006

Meu Vício

Não sei sobre o que escrever, mas eu quero escrever, preciso, tenho que escrever, criei esse vínculo. Não escrevo bem, não uso direito as normas ortográficas nem os princípios de redação. Mas isso não importa. Não digo nada de novo, imito meus mestres, imito mal. Mas não interessa. Quem lê isso aqui, lê por vontade própria. Se gosta ou não, não faz a mínima diferença. Só serve pra mim me livrar do que me atormenta, me salvar, me redimir. Para isso serve bem. Serve melhor do que qualquer coisa. Quando consigo ver meus pesadelos e sonhos representados por sinais gráficos, mesmo que parcialmente, sinto que venci de alguma forma. Por isso continuo essa merda, pra me manter longe da loucura. Pouco importa a minha tosquice linguística.

A palavra é um simulacro de expressão, é uma tradução da linguagem do pensamento: dinâmica, ágil, etérea, para a linguagem verbal: limitada, tosca, concreta demais. E por isso, escrever é uma limitação. Isso não é novidade, alguém já deve ter pensado algo melhor e escrito antes de mim. Mas hoje a constatação dessa paralisia natural da língua me parece muito mais importante, ela está de alguma forma relacionada com a falta de criatividade.

Acho que os seres humanos teriam desenvolvido muito mais a comunicação se não tivessem criado signos para representar seus anseios. A palavra tenta domar o indomável, domesticar o pensamento, que tem uma estrutura caótica. Mas enquanto não temos capacidade para mais, uso isso para sobreviver à mim mesmo.

Inconsciências urbanas

Ela andava rebolando aquela bunda descomunal pela rua, dentro daquela calça preta que marcava bem as formas, uma blusa que deixava a barriga aparecendo, com aquele piercing medonho no umbigo e nas costas aquele tribal tatuado que parecia apontar para o rabo, como se precisasse chamar mais atenção para essa parte. O sutiã era daqueles que juntam os seios, que não eram muito grandes, mas conseguiam ficar juntos o suficiente para simular a forma de uma bunda. O decote era grande o bastante para mostrar isso.

Era um outdoor de luxúria. Anunciando o quanto aquele corpo poderia causar prazer a quem fosse escolhido. Naturalmente ela se achava linda assim e naturalmente ela não queria chamar a atenção de todos os homens. Por isso se irritava quando aqueles que não interessavam babavam nas suas formas super expostas.

Nesse dia tinha acontecido. Um cara olhou fixamente para aquele rabo e aqueles peitos e ele se sentiu desrespeitada. Foi no ônibus, ela estava de pé, porque estava lotado, o cara estava sentado. O único lugar disponível era ali em pé do lado dele ou na roleta de frente para o cobrador. Mas ela já havia passado a roleta e o cobrador tinha cara de tarado. Se ela voltasse lá o filha da puta ia achar que ela estava dando em cima dele. Ficou ali mesmo com o outro tarado.

O desgraçado quase babava na boceta dela, que ficava bem marcada pela calça preta justa. Ela só pensava “que nojo” e olhava em volta se já havia liberado lugar.

Numa curva o cara segurou no ferro na frente dela, o ferro em que ela estava agarrada. O ônibus passou a curva e o sujeito esqueceu a mão ali, olhando para a janela para disfarçar. Cada pessoa que passava pelo corredor empurrava e ela era obrigada a se espremer contra o ferro, roçando a boceta na mão do cara. Aquilo era horrível.

Ela olha para a roleta, mas o lugar já fora ocupado por uma velha que discute com o cobrador o efeito da tevê nos jovens de hoje em dia. Ela não tem saída!

A boceta segue fazendo pressão contra a mão do cara enquanto o ônibus enche ainda mais, ela consegue distinguir o formato dos dedos dele.

Algumas pessoas já tem que ficar no meio do corredor e um cara para bem atrás dela. Conforme o ônibus balança o cara se esfrega no rabo dela e a boceta dela se esfrega na mão do outro cara. Ela procura desesperadamente outro lugar, mas não tem.

Ela sente o pau do cara atrás endurecer. Não há o que fazer. O cara do banco começa a mexer com a mão de leve, quase imperceptivelmente, ou será que ela estava imaginando? Nenhum deles se olha diretamente. A cena continua por uma eternidade, até que o ônibus chega no centro e todo mundo desce. Ela vê o cara de trás arrumar o pau na calça.

As pernas dela tremem, ela tem vontade de vomitar. Pensa em chamar a polícia, chamar sua mãe! Que direito tinham eles de tirar casquinha dela!! Que nojentos!!

Ela passou o dia inteiro mal humorada, de vez em quando lembrava do ônibus e se imaginava fazendo um escândalo, desmascarando os canalhas na frente de todo mundo no ônibus. Todos apoiando ela. Um cara lindo no fundo percebendo o quanto ela ficava bonita furiosa.

Quando chegou em casa estava cansada, tomou banho e foi dormir, antes separou a roupa que ia usar no dia seguinte, uma calça mais apertada e uma blusa mais curta.

29 abril, 2006

Desaparecendo...

Estou aqui, eu acho. Metade um pouco translúcida, a outra já não existe. Um pouco de ar por favor...

Estou me perdendo em mim... não, em vocês. Estou me perdendo em vocês...

25 abril, 2006

Um conto suburbano

Foi bastante estranho, eu estava sentado lendo, enquanto o ônibus me levava para uma parte esquecida da cidade, uma parte que eu detesto, mas que tem aquilo que mais me importa.

Ela já estava sentada lá quando cheguei. Eu preferia ter sentado sozinho, pois assim evitaria essas situações de pernas se tocando, um joguinho que eu já enjoei. Mas como não tinha nenhum banco vazio, eu escolhi aquele por que ela me pareceu ser anti-social o suficiente para me odiar por isso e então me deixar em paz. Funcionou por um tempo e eu pude ler sem ser incomodado.

Porém alguma motivação que eu não sei explicar, fez com que um diálogo absurdo se estabelecesse.

-- Desculpa, posso te interromper?
-- Sim?
-- Tu por acaso não teria 10 folhas de ofício pra me vender?

Olhei bem pra ela. Esse não é o tipo de coisa que se fala pra puxar assunto. Ela tinha um rosto bonito e parecia drogada. Fiquei pensando em como ela poderia se chapar com 10 folhas de ofício, mas não me ocorreu nada.

Então pensei, ela pode estar tentando me impressionar, se passar por escritora. Bem, se ela conhecesse o que eu estava lendo - o velho Buko - teria percebido que isso não é o tipo de coisa que me impressiona. De qualquer forma mandei:

-- Queria escrever?
-- Não, não. é pra um trabalho. Desculpa, desculpa.
-- Ah, não foi nada, se eu tivesse as folhas te daria.
-- Ah, obrigado, eu ia mandar uma mensagem agorinha mesmo -- e pegou o celular.

Ela parecia bastante nervosa, como se precisasse das folhas para escrever um testamento. Pensei em mais alguma coisa pra dizer, mas não veio. Ficamos ali sentados, eu fingindo que lia e ela calada. 5 minutos depois ela se levantou, disse tchau e me deu um tiro na cabeça.