30 janeiro, 2006

Ideais...

São 6 horas e 6 minutos, faltam 54 minutos para eu ir pra casa, a minha casa, desarrumada como eu, caótica como eu. Um lugar que eu criei, que tirei de minha cabeça e trouxe ao mundo, onde vou pendurar quadros que eu quero olhar, onde vou guardar livros que eu quero ler, músicas que eu quero ouvir, filmes que eu quero ver (ou não) e o silêncio que eu preciso ter. Não o silêncio acústico, desse não tem muito por lá, o silêncio mental, aquele que não se pode ter em bibliotecas e hospitais e que é bastante raro hoje em dia.

Me pego então sentindo esse silêncio, descubro assim que eu temo o que desejo. Que esse silêncio é solidão e que eu estou sozinho. Nunca havia estado sozinho antes acho que isso tem uma certa lógica, novos hábitos dão sempre frio na barriga até que a consciência deles se dissipe na rotina.

Estou nú numa sala escura, estou nú num banheiro claro, estou nú numa cama, estou nú na minha mente!!! pela primeira vez sem a tarja preta eu contemplo a mim mesmo vivendo a solidão que sempre desejei. Não divido o quarto com ninguém, não divido a casa com ninguém, não divido o dia com ninguém e sou feliz!

19 janeiro, 2006

Das boas coisas da vida...

Morarei num lugar barulhento, em que não posso fazer barulho. Terei poucos móveis, conforto questionável, vizinhança mesquinha e imediações sórdidas. Terei problemas com dinheiro.

Vou adorar tudo isso!!!

Porque tudo que eu preciso é uma telavisão, um dvd, uma caixa do Woody Allen, um suco petri, um salgadinho de cebola, uma carteira de crivo, e, principalmente, uma pinup loira de cabelo cheiroso pele macia e uma voz que me hipnotiza.

Talvez eu nem precise do resto... bom, deixe o colchão.

06 janeiro, 2006

Nevralgias noturnas...

Há certas situações que não se evita. Não se evita por que fazem parte da lógica da realidade. Noite e dor são como nuvens e chuva, respectivamente.

Essa condição das coisas faz com que a mão procure o instrumento e que a música povoe os ares. Hoje à noite eu fui Miles, Coltrane e Mingus. Fui Piazolla tocando "Los Mareados", tendo estrelas por platéia. Um solista convoluto, tocando para a noite, tocando a noite, tocando.

Toquei um tema novo, com improvisos, de forma que nunca poderia ser executado novamente. Havia apenas uma euforia muda e uma vontade absurda de voar e de experimentar todas as possibilidades do ar. Uma euforia minimalista e uma lembrança molhada. Lembrança de nuvens, impossível escapar da chuva...

02 janeiro, 2006

Eu agora...



Inside



All the places I've been make it hard to begin
to enjoy life again on the inside,
but I mean to.
Take a walk around the block
and be glad that I've got me some time
to be in from the outside,
and inside with you.

I'm sitting on the corner feeling glad.
Got no money coming in but I can't be sad.
That was the best cup of coffee I ever had.
And I won't worry about a thing
because we've got it made,
here on the inside, outside so far away.

And we'll laugh and we'll sing
get someone to bring our friends here
for tea in the evening --
Old Jeffrey makes three.
Take a walk in the park,
does the wind in the dark
sound like music to you?
Well I'm thinking it does to me.

Can you cook, can you sew --
well, I don't want to know.
That is not what you need on the inside,
to make the time go.

Counting lambs, counting sheep
we will fall into sleep
and we awake to a new day of living
and loving you so.

Jethro tull - Inside - Benefit