26 fevereiro, 2006

E se...

Ando, sobretudo eu ando. Não somente para me mover no espaço, mas principalmente para me deslocar no tempo. Há algo bonito nas horas se esvaindo junto com a luz. No seio opaco de um planeta velho eu crepito uma única vida. As vidas compõem a matéria do tempo, são suas fibras, sem elas só existiriam os fenômenos, desconexos, desordenados.

E se?... A resposta é imediata, continuo andando em linha reta até a primeira parede. Não paro, passo. Não me assusto, sigo em frente. É um predio antigo, parece abandonado, estou num grande saguão bastante sujo. A próxima parede, passo. Novamente estou na rua, sigo...

O horizonte se avermelha e as cores começam a marcha lenta para a obscuridade. Ainda ando. Já não entendo mais o motivo, mas ando...